Viver…
Palavra que tem uma intensidade tão grande que ninguém imagina (…) Eu passei a dar ainda
mais valor desde do dia que estive internada, naquele hospital. Até ao momento em que fiquei
lá… sabe deus como andava, mas não ao ponto de não voltar para casa, embora que soubesse
que não estava bem, nunca pensei estar tão mal.
Dei entrada nas urgências já bastante mal, e dali não saí mais, foi um mês de puro sofrimento,
dor…Ninguém imagina, sem comer, sem saber o que tinha, as incertezas daqueles médicos,
picadas e mais picadas, enfim, pensei em tudo e mais alguma coisa, e sim pensei que morria…
por momentos pensei que nunca mais via as pessoas que mais amava. E sim tenho medo disso,
tenho medo da morte, medo de não me conseguir despedir de quem gosto, e isso assusta me
imenso, porque sei que não saberei lidar com tudo isso. Entrei muitas vezes em fase de
loucura, de puro choro, pois não via o fim daquele pesadelo, os dias passavam e nada, um dia
ali parecia anos…do mais pavoroso que já senti!
Foram duas semanas que tive que não desejo a ninguém, chorava com medo, não dormia por
medo de não acordar, tinha pavor a estar sozinha ali, num espaço que não era o
meu…conclusão, só descansava quando uma amiga minha ali estava, Luísa, uma pessoa incansável e a quem agradeço bastante, e depois com a minha mãe à tarde (...) e mesmo assim eu não descansava mais
que uma hora. A partir daí, fui-me habituando, sim é ridículo mas é a verdade, conformei-me
que tinha que ser um dia de cada vez e esperar, pois não adiantava de nada andar ansiosa.
O tempo foi passando, fui aprendendo que nestas alturas é que se vê os nossos amigos, família
e quem gosta de nós. Mas nunca estive a 100%, a sensação era sempre de medo, e vivi sempre
assim, pelo menos enquanto lá estive, era sempre com receio de me acontecer alguma coisa,
de não voltar. Mas houve um dia que penso que foi o decisivo, recebi uma mensagem de uma
colega minha, que me fez ganhar ânimo e força, fez me acreditar que ainda fazia falta aqui e
tinha que lutar para vencer mais uma batalha!
E venci, ou não. Descobri que ganhei uma doença para a vida, da qual posso viver bem, apenas
com algumas limitações. É algo que me tem feito alterar algumas coisas na minha vida, e tenho
me sentido bastante bem, mas que não é fácil, não foi fácil…passei muito até ao dia de hoje, por
isso é que digo, há que dar valor à vida, viver o hoje e com tranquilidade. Não adianta
andarmos chateados ou a viver a vida a mil, porque só estamos a dar cabo da nossa saúde. E
como já alguém me dizia “A vida é uma passagem” e daqui não levamos nada de nada.
Vive e sê feliz!!
